PRÓLOGO


A matança do porco. A produção agrícola. As galinhas e os coelhos. A forma como o leite de cabra é tratado, ou seja, com todos os cuidados. Um carro de bois. Uns quantos moinhos de vento revelam pormenores da vida rural que existiu no concelho do Bombarral. Um município rural, junto ao mar, que tem que se orgulhar de um passado nada distante.
Uma personalidade colectiva construída na monda dos pomares e nos campos da vinha que termina em lagares do vinho pisando a uva e provando os resultados.
Com as mãos de gente que não descansa senão para um mata-bicho matinal que antecede o farnel de iguarias caseiras a lembrar que mais tarde regressa ao lar. Um caminho de terra. De tradição. 
Gastronomia real. O quotidiano de quem passou anos e anos no campo comendo aquilo que ele dá e a carne engordada em casa.
A memória gastronómica de um passado bem recente de um município que teima em não abrir o baú das recordações que lhe deram corpo.
Um concelho com passado na cozinha e nos temperos que tende em ser esquecido por quem mais o devia recordar. As pessoas.
Este é um testemunho que quer recordar o que de melhor se fazia na cozinha do concelho do Bombarral.
A nossa tradição rural assenta essencialmente numa gastronomia baseada na produção caseira das hortas, nas galinhas e nos coelhos, na cabra, no porco e no carneiro e ainda num produto do rio real, a enguia de água doce.
Este pequeno escrito fica para memória futura de forma a que não se percam alguns temperos divinais.

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